Monday, May 22, 2006

ABORTO



Foi um dia tranqüilo e tão banal,
Movido por impulso repentino,
Resolvi visitar um hospital,
Um recanto de aborto clandestino.

A garota que eu vi quando eu entrei
Parecia ser filha de burgueses;
Ela disse esta frase: "Eu abortei
E eu estava gestante de seis meses!"

"Mas que crime brutal!" - eu refleti -
"Que lugar desprovido de esperança!"
E, um pouco mais à frente, eu surpreendi
O corpo destroçado da criança.

A cabeça, as perninhas e os dois braços,
Juntos com os fragmentos de outros fetos
Numa lata metálica, aos pedaços,
Como se fossem pútridos dejetos.

Tudo o que agora resta é lamentar...
Mas que horror! Que tristeza das tristezas!
Como podem, assim, assassinar
Criaturas tão frágeis e indefesas?

Eu fico transtornado, imaginando
O cruel e sangrento disparate:
O médico sarcástico quebrando
As cabeças fetais com alicate.

Com o sadismo dos mortais infernos,
Os médicos, com gestos rudes, broncos,
Quebram raivosamente órgãos internos,
Cabeças, pernas, braços, ossos, troncos.

E as mulheres que abortam, o que são?
Criaturas cruéis e desalmadas!
Que despenque sobre elas maldição!
Prostitutas! Canalhas! Desgraçadas!

Mulheres que escancaram as vaginas
À prática abortiva! Vis! Mesquinhas!
Amaldiçoadas bruxas assassinas
Que matam inocentes criancinhas!

Que fique registrado o sentimento
De revolta por essa covardia:
Todos vão, com cabal merecimento,
Pagar pelos seus crimes, algum dia!

No comments: